terça-feira, 17 de maio de 2011

eu e as cartas.

É fascinante essa paixão que eu tenho pelas cartas.
Sempre tive o hábito de escrevê-las, sempre adorei recebê-las. E, sinceramente, não sei dizer se escrevo para poder receber, ou se o faço para poder responder. Também não me importa; eu gosto da relação com elas e pronto!
E que fique claro: estou falando das cartas escritas a punho, com a singularidade da letra, a disposição das palavras, o cheiro do papel (com perfume ou não) e a forma como ele é dobrado.
Pra mim, é mágico demais poder abrir os envelopes e voltar no tempo...  sorrir, emocionar e até gargalhar junto às palavras.
As cartas são documentos do coração.. elas têm calor, cheiro, personalidade.
E como eu adoro o barulho do desdobrar do papel!  Proporciona uma sensação que, por mais que se repita, é única... sinto a presença da pessoa, sinto-me abraçada de N formas!
Mesmo com a mecanização cada vez mais forte, eu sou do tipo que preza pelas coisas que mais contêm naturalidade e simplicidade... Cartas podem ser levadas a qualquer lugar, são frágeis, rasgam, molham e amassam. Mas, a mim, não importa... o cuidado para com elas também carrega sua importância...

o sentimento é plástico: recicla e muda com certa facilidade.

Tanta coisa aconteceu...
de "lá pra cá" só digo que esses processos de transição - da infância pra adolescência, da adolescência pro mundo adulto e do adulto pra melhor-idade... enfim.. esses processos DOEM. São rompimentos que não perguntam se você esta preparado ou não, eles simplesmente acontecem e, quando você menos percebe, pronto: mundo adulto, aí vamos nós!
entrei em crise comigo mesma. Chorava e, sem conseguir encontrar um motivo concreto, mergulhava ainda mais em meu choro e na sensação de ter o chão abrindo sob os pés...
Hoje, independente dessa ausência de sentido para minhas sensações, estou sendo mais compreensiva com as responsabilidades que escolhi, bem como com as "perdas" que minhas escolhas vêm ocasionando... Percebi que tenho certa dificuldade em aceitar algumas dessas "perdas". (até aqui era dia 02/05)

Hoje posso dizer que esse processo de compreensão das perdas (que sempre irão existir) não foi fácil ontem, e a realidade é que nunca vai ser. Quem gosta de perder?
O bacana está em perceber o que tudo isso envolve... a vida não é do tamanho que você pensar ser, também não é do tamanho que você acredita... Ela é sempre mais, mas, enquanto aqui vivemos, a vida é do tamanho daquilo que você SENTE.