sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Nem todos que veem possuem o dom de enxergar...


Diga-me se não é incrível a arte de olhar...
Enquanto eu tiver olhos, vou brincar quantas vezes a criatividade permitir.
Às vezes, as coisas se apresentam a nós para serem vistas daquele jeito, sem nenhum tipo de alteração. Mas isso é tão horrível! Penso que já me bastam todos os limites do corpo... Olhar para o horizonte, por exemplo, impõe um limite. Os olhos veem até determinado ponto. E o mesmo acontece quando pisamos no chão duro de concreto, na terra molhada, na grama, ou em uma flor com espinho. Além disso, quantas vezes não dizemos ter os olhos maior do que a boca? Acontece quando gostamos muito de determinado aperitivo e não nos damos por satisfeitos até ver o prato vazio. Achávamos que ficaria tudo bem, até começar a sentir o peso e o "efeito bomba" do último pedaço. Aaah, esse último pedaço.. sempre o "causador" de todo mal! O último pedaço, o último gole... e assim por diante.
Eu acho mesmo que o mundo fica sério demais depois de determinado período da vida, e decidi que não quero ficar séria demais. Não quero olhar para o céu e ver nuvens como gotículas de água pequenas demais para pousarem sobre nossas cabeças preocupadas que, naturalmente, recostam-se em automóveis que servem apenas para nos locomover com mais rapidez e conforto.
Imagem e imaginação não são palavras semelhantes por acaso. Combine-as e divirta-se, explore o mundo e use seus olhos da melhor maneira que puder. Veja um estranho olhando para o céu, para a Lua, ou a procura de alguma constelação ao invés de, apenas, um grande revolver... ;)

domingo, 27 de novembro de 2011

"Eu, você, o Mundo e o balão em uma lição"

Escrevi esse texto em uma disciplina da Faculdade... como conversei a respeito de algumas questões presentes nele, deu vontade de registrar aqui também...

Ler e escrever é aprender; Você aprende para, de alguma forma, poder ensinar. Então, aprender é uma lição. E, para mim, Apre(e)nder é como encher um balão... 
Às vezes, você vai roubar o máximo de ar que puder até sentir o peito inflar, e vai soltar esse ar talvez com a mesma - ou mais- intensidade que usou para roubá-lo. Você sabe que o ar está ali porque seu balão foi preenchido, mas ainda não é o suficiente para ele. A brincadeira começa... De pouco em pouco, você rouba um pouquinho do Mundo pra dentro de você, e então sopra para dentro do balão de tal forma que ele fique cheio. Se encher demais, ele estoura; Se encher de menos, ele não "voa". 
Encher um balão é uma lição. Nunca haverá ar puro, porque o ar circula por milhões de narizes, pulmões, plantas e algas dos mares no mundo todo. Então, QUANTO de você, de mim, e das nuvens cinzas de nossa civilização está viajando por aí? A verdade é: Misturamo-nos, porém... moldamo-nos. Um balão é um pedaço colorido do mundo que você criou com aquilo que esCOLHEU dele, e com aquilo que abriga em si mesmo. Um balão é um pouco de sua personalidade oculta voando por aí. Se em um simples balão cabe tudo isso, que dirá nas palavras?! Lendo, conheço um pouco de seu balão e, escrevendo, apresento-lhe um pouquinho do meu que, hoje, está azul - porque decidi brincar com o Céu. Quis fazer isso porque estou com preguiça, e não quero ter muito trabalho para voar, então, fica por conta do Vento me levar por onde decidir soprar. 
E o seu? Quer me contar?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

...???...


"O menino pergunta ao eco
onde é que ele se esconde.
Mas o eco só responde: 'Onde? Onde?' "


assim se comportam algumas das perguntas que fazemos a nós mesmos - ecoam.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Eu chovo, tu choves...



Imagine um punhado de pedras espalhado pela terra, pedras de todos os tipos e todos os tamanhos. A água passa por elas, leva algumas pela correnteza, outras, sequer molha por inteiro... Ouça o barulho da água nesse movimento. Agora, responda: Estou falando de um rio, de uma enchente, de uma praia ou de uma cachoeira?
Como sou quem está escrevendo, você não pode saber, mas pode escolher. Escolha.
Escolheu? A conclusão que podemos tirar dessa viagem que fizemos juntos até aqui é: Esta escolha é você.
Nós somos um líquido... passamos, escorremos/espalhamos, arrastamos pessoas e desejos conosco, pessoas e desejos de todos os tipos e todos os tamanhos; Assim, podemos tocá-los por 'inteiro', simplesmente passar por eles ou, ainda, levá-los conosco por algum tempo...
Tudo vai depender da intensidade com a qual desejaremos passar; Às vezes, dependerá da temperatura (emocional).
Tudo vai depender de que tipo de coisa desejaremos arrastar; Às vezes, da força que depositaremos para isso.

Os planos e as estratégias auxiliam, "mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...", complementaria (ou não) Manuel Bandeira...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pra que lado?


São 23 anos de existência e não paro de descobrir coisas aqui dentro.
Tenho descoberto o quanto é difícil se expor para si, para o mundo. É mais bonito ser sentimental? O correto é ser racional? O bonito e o feio, o certo e o errado... O que define isso? Há definição?
Eu detesto me desobedecer, mas é horrível estar dividida ao meio e não sei o que pesa mais, o que tira mais o sono, o que distrai, consome, rói e deixa vácuos. Nunca precisei seguir ninguém, mas nunca abri mão das referências. Hoje, essas referências estão em um labirinto e eu não tenho mapa algum... tenho que fechar os olhos, ouvir... seguir. A cada dia tenho redescoberto rumos; Aos poucos, viro predadora. Aguço os instintos e me defendo melhor dos caçadores...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Quantos tiros nos próprios pés são necessários para nos matar?

Outro dia, distraída, aguardando minha vez de pagar a conta no caixa de um "pub", em meio a uma moça querendo cortar a fila e alguns outros querendo chamar a atenção como podiam, levei um susto. Sem óculos, tentava enxergar o que dizia a mensagem da embalagem do cigarro... embora tenha me esforçado, não consegui, mas a imagem (esta que anexei), em segundos, deixou-me chocada por alguns minutos daquela noite, e de outros dias e noites, quando lembrava/lembro. A frase que veio à minha mente foi "como alguém ainda consegue fumar sabendo disso tudo?". Não é novidade para ninguém que o cigarro mata, mas senti pena daqueles que lutam para se livrar desta droga e também daqueles que até desistiram de tentar. Na hora me veio a ideia de uma mercearia que vendesse venenos de rato e, junto a eles, cigarros. Será que esta poderia ser mais uma tentativa de ajuda para a consciência daqueles que tentam, e daqueles que às vezes pensam em querer provar "um pouquinho" desse mundo triste da dependência? Soaria como humilhação ou alerta? Talvez, ambos...
Pensando nisso tudo, ocorreu-me vários outros "sustos"... Quantas são as vezes em que consumimos algo ou até mesmo agimos de certa maneira, CONSCIENTES de que aquilo nos será prejudicial? "Bem-vindo à vida". Estes somos nós. Às vezes somos capazes de loucuras como tal - cigarro, bebida (dentre outras drogas), vingança, intriga, orgulho... - apenas pensando em trocar nossa saúde (do corpo e da alma) por míseros minutos de ""prazer"". Vejo, nestas atitudes estrategicamente pensadas e tão sutilmente camufladas, uma maneira de nos matar aos poucos. Acostumamo-nos a ser suicidas, e isso me assusta, tem assustado cada vez mais.
Assim como não compramos algo sem saber o valor, penso que seria digno e justo com nós mesmos saber o "preço"de determinadas decisões que tomamos. Quem sabe procuraríamos ser mais carinhosos com esse instrumento onde habita nosso espírito; Ou, para aqueles que não acreditam - onde habita aquele músculo chamado coração, no qual estão todas as coisas que você sente, pessoas que abriga e sonhos que esconde.
Sinceramente, tenho medo do quanto ainda estamos dispostos a fazer por todas essas trocas descompensadas...

ps.: isso não é um discurso contra o cigarro, aos fumantes, nem nada do gênero. São apenas reflexões sobre a dificuldade que TODOS temos para enfrentar nossos vícios, sejam eles quais forem...

terça-feira, 19 de julho de 2011

O que posso ler por mil anos, e mais mil, e mais mil...

Por que eu sou apaixonada por Ele?
É auto-explicativo:


    Como é por dentro outra pessoa Quem é que o saberá sonhar? A alma de outrem é outro universo Com que não há comunicação possível, Com que não há verdadeiro entendimento. 
    Nada sabemos da alma Senão da nossa; As dos outros são olhares, São gestos, são palavras, Com a suposição de qualquer semelhança No fundo.
    Fernando Pessoa, 1934
*Muito embora eu pense que tocamos uns aos outros por meio de todas essas tentativas de supôr semelhança... Eu acredito, sinceramente, que vivenciamos a experiência de navegar na alma do Outro a todo instante e, embora frustrante, paralelamente, é fascinante...

Ah, Fernando Pessoa(S)!

terça-feira, 5 de julho de 2011

a irritável melodia do tic-tac...

Hoje estou aqui para fazer uma confissão: tenho um certo ódio do relógio. Eu gosto de usar o tempo conforme as atividades, não conforme os números. Pra mim, é terrível ter que estar às 19h em uma lanchonete... por que tornar a diversão um ofício? Combina de ir pra lá depois do banho, depois da janta, sei lá. Hoje, além de tudo, existe celular. Comunicação, gente... comunicação!
Alguém me liga e diz "tô pronta... tô indo pra lá."
Beleza! Se eu disser que daqui 10 minutos apareço e, além dos 10, demorar mais 20... já deu zica! A pessoa esperou os exatos dez minutos e me "deu" mais míseros cinco minutos de lambuja; e eu me lasquei... porque eu combinei. Determinei.
Pra mim, cada um respeita seu ritmo e sua vontade. Na verdade, acho que essa "birra" vem da minha paixão pela espontaneidade. Penso que quando alguma coisa é importante pra mim, não importa se cheguei antes, no bendito horário, ou depois. Se eu fui... eu fui. Significa que eu desejei ir, e fui no meu tempo... sem tempo. rs
Mas, não. Não to abolindo o relógio das nossas vidas. Compromissos carregam a necessidade da negociação de horário. Temos agendas diferentes, e hoje, tudo precisa ser combinado. Cada vez mais, tudo isso é uma questão de "sobrevivência"...
O meu "apelo" é, apenas, ao respeito para com a diversão... Porque, pra mim, isso não tem hora. Ou não deveria ter...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

de novo?

Você com certeza já deve ter vivenciado uma situação na qual, após ter piscado, teve a certeza de já ter vivido aquilo daquele jeito, com aquelas pessoas, naquele lugar...  Déjà vu!
Eu tenho um certo encantamento por essa sensação misteriosa. Você não precisa provar pra ninguém o que sentiu, pois, sentindo, quem prova o contrário? Acho que é por isso que, ao nos depararmos com esse "conflito", damos aquela sacudida de cabeça em sinal de "não" e piscamos várias vezes na tentativa frustrada de descobrir o que é real naquele momento. Já reparou que depois disso a gente ri? Como quem diz "que caramba! eu sei que eu já passei por tudo isso aqui, mas não é possível". Sendo ou não... quem explica as sensações que chegam até nós, não é mesmo?
Penso que o mais bacana nisso tudo é exatamente esse clima de mistério... diga-me se você estiver pronto para responder às milhões de perguntas que te cercam!
Conhecer é a arte de fazer uma única pergunta para obter várias respostas...

domingo, 3 de julho de 2011

o pôr-do-sono.

Eu acho tão "engraçado" o modo como o corpo avisa que precisa descansar. A postura muda de energia, os ombros encolhem, as mãos amolecem, perde-se a força... os olhos iniciam uma disputa de piscadelas - eles não sabem se piscam para tentar manter o resto do corpo "acordado", ou se fecham para completar todos as dicas que o cerebelo, bravamente, insiste em dar.
Quando com sono, sinto-me embriagada, com as capacidades mais limitadas. É nesse estágio que o corpo todo ocupa o lugar da boca; é assim que o corpo fala.
Dormir é ceder às dicas do corpo, é encolher-se em seu próprio mundo... e é nesse mundo paralelo que cada um vira o que quer e, muitas vezes, depara-se com aquilo que mais teme. Esse espaço entre aquilo que controlamos e não controlamos é o inconsciente, o qual,  necessariamente, dialoga com seu passado e/ou futuro. Não existe desconexão completa no sono. Todavia, de olhos fechados, a liberdade para os cenários e os encontros que se dão no mesmo é dotado de um sabor diferenciado... E, "aqui", cada um escolhe a sua maneira de digerir.
Hoje eu vou me sentar à mesa de café da tarde do Chapeleiro de "Alice". Vou morder o relógio e usar os ponteiros como talheres... engolir os números e me recostar à sombra de uma árvore. Nela, talvez haja um gato que sorri de quando em quando, um filósofo em corpo de lagarta e um coelho que, como eu (por ter engolido o relógio), não sabe as horas.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

o que é que você é?

eu penso tanto que às vezes canso de mim...
Almejo tanto a espontaneidade em mim e nos outros e, no entanto, em meus momentos tímidos, dou um soco no meu próprio estômago. É como se alguém amarrasse minhas mãos e minha boca, eu travo... Por quê?
Vejo, nisso, uma tendência perfeccionista muito besta da qual ainda não consegui me libertar. Embora, essencialmente, esteja sempre a caminho DE.
Isso me fez lembrar de uma conversa, na qual ouvi que ninguém é o que é, e que tentamos nos esconder dos outros e até de nós mesmos... não omiti a verdade que essa reflexão carrega. De fato, a criatura mais espontânea (quando "deixou de ser criança") não é puramente verdadeira... A sociedade faz isso, torna-nos pensantes, articuladores, negociadores... Mas, embora isso seja "terrível", não pude deixar de considerar a parte humana que esse comportamento carrega - Se somos seres em constante processo de transformação, que razão haveria para definirmo-nos em comportamentos e/ou palavras, ideias? Eu gosto da beleza do mistério que cada um carrega em si, e acho que isso faz parte de um processo natural e saudável. A graça nos romances e nas amizades é essa: desvendar, descobrir. Isso decepciona? Às vezes! Mata? Desconsiderando que você tenha se envolvido com um assassino, não, né? rs
Eu acho mesmo que o melhor a ser feito é ser justo consigo sem que pra isso seja preciso vestir a bota do "pisar nos outros".
Ser aquilo que se sente não é tão simples porque, de tão misteriosos que somos, reservamos uma caixinha dentro da alma que sequer nós, os donos dela, somos capazes de abrir... seja por medo, comodismo ou até por termos nos tornado, um dia, sujeito oculto de nós mesmos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

eu e as cartas.

É fascinante essa paixão que eu tenho pelas cartas.
Sempre tive o hábito de escrevê-las, sempre adorei recebê-las. E, sinceramente, não sei dizer se escrevo para poder receber, ou se o faço para poder responder. Também não me importa; eu gosto da relação com elas e pronto!
E que fique claro: estou falando das cartas escritas a punho, com a singularidade da letra, a disposição das palavras, o cheiro do papel (com perfume ou não) e a forma como ele é dobrado.
Pra mim, é mágico demais poder abrir os envelopes e voltar no tempo...  sorrir, emocionar e até gargalhar junto às palavras.
As cartas são documentos do coração.. elas têm calor, cheiro, personalidade.
E como eu adoro o barulho do desdobrar do papel!  Proporciona uma sensação que, por mais que se repita, é única... sinto a presença da pessoa, sinto-me abraçada de N formas!
Mesmo com a mecanização cada vez mais forte, eu sou do tipo que preza pelas coisas que mais contêm naturalidade e simplicidade... Cartas podem ser levadas a qualquer lugar, são frágeis, rasgam, molham e amassam. Mas, a mim, não importa... o cuidado para com elas também carrega sua importância...

o sentimento é plástico: recicla e muda com certa facilidade.

Tanta coisa aconteceu...
de "lá pra cá" só digo que esses processos de transição - da infância pra adolescência, da adolescência pro mundo adulto e do adulto pra melhor-idade... enfim.. esses processos DOEM. São rompimentos que não perguntam se você esta preparado ou não, eles simplesmente acontecem e, quando você menos percebe, pronto: mundo adulto, aí vamos nós!
entrei em crise comigo mesma. Chorava e, sem conseguir encontrar um motivo concreto, mergulhava ainda mais em meu choro e na sensação de ter o chão abrindo sob os pés...
Hoje, independente dessa ausência de sentido para minhas sensações, estou sendo mais compreensiva com as responsabilidades que escolhi, bem como com as "perdas" que minhas escolhas vêm ocasionando... Percebi que tenho certa dificuldade em aceitar algumas dessas "perdas". (até aqui era dia 02/05)

Hoje posso dizer que esse processo de compreensão das perdas (que sempre irão existir) não foi fácil ontem, e a realidade é que nunca vai ser. Quem gosta de perder?
O bacana está em perceber o que tudo isso envolve... a vida não é do tamanho que você pensar ser, também não é do tamanho que você acredita... Ela é sempre mais, mas, enquanto aqui vivemos, a vida é do tamanho daquilo que você SENTE.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

se você disser que eu desafino, amor...

estava relendo minhas duas únicas publicações... li a última frase registrada "viro bicho", e ri...
vou, literalmente, virar bicho amanhã na Academia Ponto da Dança, com a coreografia "fauna africana". Como isso é BOM!
o mais legal é que são 3h da manhã e estou aqui, completamente à toa!!!! Mas, curiosamente, estou tão bem neste minuto que não resisti à escrita.
Também estou pensando em muitas coisas, no entanto, em respeito a esse bem-estar, vou deitar.. fechar os olhos e tentar conservar isso enquanto a razão brinca de cobra-cega.
Àquele abraço!

" o que você não sabe, nem sequer pressente.. é que os desafinados também têm um coração... "

quinta-feira, 7 de abril de 2011

frangalho.

 Dizem que a adolescência é a melhor fase da vida. Pode até ser que seja, mas só pode dizê-lo quem já tem os cabelinhos de algodão ou tentam escondê-los nas tintas, ou ainda os que já se libertaram desse acessório natural. Óbvio, né? Falar sobre algo que não se conhece é brincar de vento... é soprar palavras que se perdem. 
 De qualquer forma, se a adolescência é ou não a melhor fase da vida, eu procuro fazê-la melhor. O problema é que, no meio dessa frase há um "MAS" gigante que nunca adormece. Penso nunca ter vivido tantas transformações ao mesmo tempo. É um misto de responsabilidade e liberdade impensável. Aliás, as responsabilidades são o freio da liberdade, estão quase o tempo todo no comando. Como tem sido difícil estar nessa nau e não poder escolher as direções conforme a vontade. Sempre dei tanta importância ao contato com os "meus" que, hoje, quando me vejo como integrante da selva social, sinto uma vontade imensa de chorar. Sinto falta das pessoas por perto, mas, mais do que isso, sinto falta do mimo que sempre fiz a elas. Eu gosto de cuidar. 
 Além disso tudo, eu sou amante fiel da natureza. 
 Como dói olhar só para os tijolos duros, os portões de madeira, as grades de ferro, para os postes e a imensa poluição visual de propagandas. Dói ouvir buzina, a música do outro. Às vezes, dói ouvir o som do teclado... Eu quero respirar o verde puro (por mais impuro que esteja ficando). Quero sentir o ar voltar, ouvir as folhas balançarem, sentar-me embaixo de uma sombra úmida, ouvir os pássaros e som da água no edifício de Deus... Ai, que falta eu sinto de ser mais humana. 
 Ser adolescente, às vezes, também cansa. 
 Não to cansada de ser eu, mas enjoada de usar as expressão social. Fazer aquilo que se gosta, e estudar (muito) para saber como fazê-lo de verdade tem seu preço. Não sou pessimista e sei que nada disso é em vão, mas que esgota, esgota. Virar adulto não poder tão chato assim. Como eu ainda não tenho rugas, nem minhas próprias contas pra pagar... sou a filha dos meus pais; e embora virar adulto esteja cansando, eu quero me bancar, bancar meus pais e brincar de inverter os papéis. PERAÍ: não completamente... Hoje, adolescente, admiro a infância, sua naturalidade e espontaneidade - antes de serem corrompidas pela selva social! Sempre que dá eu tento "escapar". Como o faço? Bebo a melhor água da alma, bebo arte: danço, desenho, escrevo, leio, ouço música, ouço, observo, vejo, toco... 
"viro bicho".

câmbio, chamando.

*talvez o blog vingue... rs

Decidi iniciar um diário, mas não um diário qualquer... Optei por escrever apenas quando estiver cheia de sentimentos, ao ponto de a emoção ser tamanha e eu precisar deixá-la escorrer em palavras. Por isso, sem nenhum tipo de malandragem (ou com todo tipo.. vai depender!), será como um auto-retrato. Às vezes, será bem abstrato, porque eu adoro isso, mas vou deixar escorrer o quanto puder de mim... (11/12/2010 - 01/01/2011)
(30/01/2011)
São tantas as vezes que idealizo coisas pra mim e, ao fazer isso, percebo que crio uma espécie de distância íntima. É como se eu estivesse me adiando de mim mesma: uma parte de mim quer terminar de ler o livro das férias passadas, ler outros dois, dançar, entregar os presentes que estão acumulando pó... essa metade quer dormir só um pouco depois da meia-noite e acordar cedo pra conversar mais com a mãe divertidíssima e o pai cheio de aconchego espiritual, quer caminhar, dançar! Mas.. a outra metade é quase um buraco negro de tanto que suga. Essa metade é preguiçosa, quer dormir quando o sol está dando o melhor de si nas cores do céu, quer dormir até tarde e, ao acordar, terminar de "tirar a inhaca" no sofá. Essa metade é aniquiladora e tão sorrateira que, rememorando Mário Quintana "QUANDO SE VÊ, JÁ SÃO SEIS HORAS! ". E, de fato, faltam trinta minutos para as seis horas. Não posso dizer que "amanhã" vai ser diferente porque estou cansada de me trair, mas eu quero muito tentar. Escrever isso já foi um grande passo! Não vou poder repetir esta luta interna também com as palavras... não com elas!