segunda-feira, 16 de novembro de 2015

grandiosidade na pequenez




Dos desvios, peguei carona
Às vezes, quem desviava era eu (eu sei)
N'alguma hora, peguei atalho
Noutra, atentei-me a cada detalhe
Tropecei em algum rastro de sonho
Mas recolhi os vestígios,
E em meu colo os embalei
Se devia ou não podia
Pouco importa, não hesitei

Acho que a vida é amiúde, gestos da hora,
Do aqui e do agora
É plataforma simples,
E em cada vagão há espaço para os arrependidos
Em prece ou ceticismo,
De todos é abrigo

Na lata do lixo tem pão velho,
Sobre o qual desfila um gato-magro-persa
O senhor no qual se evidencia a canela,
Ainda divide a janta ao som do estômago em roncos, em vão
Não faz sentido
O mundo é grande, belo e podre, forte e frágil
Gigante pela própria natureza diante do velho, do gato
Diante do universo, fagulha, farelo de pão barato

Une o verso,
Vira do avesso: veja, eu peço
Tudo perde a medida e fica importante se ganha título
Mas que tolo ruído!
A estrela já é passado quando aos olhos chega
Tudo se julga, algo se explica, outro tanto se aplica, e muito se ajeita

Não engravate o seu umbigo
Há muito mais a se varrer diante do tempo já varrido
Olha pro lado e revigora
Antes ser já do que outrora
Sê raiz, mas voa
Barco sem âncora arrisca perder a proa
.

(eu, em algum dia de novembro de 2014)