O que foi feito
para melhorar o mau humor da manhã?
E o que foi
feito daquela sua cara feia diante de novas oportunidades?
Ah, ainda em
tempo: E o bom senso de olhar para os lados, para o outro... Sobrou alguma
coisa aí?
Acho que em dias
novos, com a roupa de Ano Novo ou não, as perguntas devem aumentar. Aliás,
muitas perguntas devem se repetir. Eu acho que tem muita coisa velha que a
gente sabe e faz questão de esquecer. Acho mesmo que o grande perigo é “estar
cansado de saber”. Chegar ao ponto da exaustão do conhecimento deve(ria)
significar excelência, perfeição... E aí, desculpe-me se magoo sábios que
peregrinam os cantos do mundo misturados a nós, pobres mortais, mas, para mim, saber é um exercício pro resto da vida.
Muitos que estão lendo um pouco de mim por aqui estão “cansados de saber” que
antes de P e B se usa a letra M, que a água ferve a 100°C , que o seu pé é do
tamanho do seu antebraço, que matar é crime, que palavras podem ferir, que o
corpo libera endorfina com a prática de exercícios, que Jesus morreu na cruz,
que 1 fusca azul = 1 tapa num colega, que Hoje
Li Na Kama Robson
Crusoé Francês é um macete
para identificarmos a primeira coluna da tabela periódica, que Romeu e Julieta
é uma obra literária de Shakespeare, que a canção infantil diz “hoje é domingo,
pede cachimbo” e não “hoje é domingo, pé de cachimbo”, que a maior fonte de
oxigênio são as algas azuis, que as abelhas (operárias) morrem quando picam, que
o riso é contagiante, que abraçar é bom demais, que a sinceridade mais gostosa é
a das crianças, que... que... que...
Senti vontade de
perguntar de novo: Não é irônico e até cômico que estejamos “cansados de saber”
dessas coisas e mesmo assim, muitas vezes, esquecermo-nos delas? Desde a ideia mais estúpida,
passando pela mais engraçada, inútil, até a mais proveitosa e bela, acredito
que saber também é mágico. E, de tão
mágico, muitas vezes essas coisas somem da cartola de nossas mentes. Estamos
cansados de saber que as palavras ofendem, mas... Nem preciso continuar, né?
Também estamos cansados de saber que esperamos demais pelos grandes momentos,
festas, viagens, mas que se não houver pessoas que amamos por perto, gente que
acredita pelo menos um pouco na vida como nós, tudo fica chato, sem brilho e
quase vazio. E que apesar de os grandes momentos serem realmente especiais, o
que mais nos constitui são aqueles outros momentos; Aqueles em que vivemos com
roupas velhas, sentados na calçada, conversando com um parente mais velho e
ouvindo as histórias de sua época... Compomo-nos das tardes na sombra do
abacateiro, na rodinha de amigos brincando de bater figurinha, dando um trocado
pra um mendigo que confessou querer beber uma pinguinha mesmo, no abraço
daquele amigo que só precisava chorar no seu ombro, naquela bronca que doeu pra
sair, mas foi necessária; Nos pedidos de desculpas que revelam o reconhecimento
dos erros, naquela cartinha inesperada que chegou à sua casa, na segunda ou
terceira leitura daquele livro genial, naquele passo de dança, no olhar
profundo e puro de um cão, quando tocou aquela música e você se arrepiou, no dia em que você trombou com alguém especial na
rua que não via há anos, e até quando acabou a energia no seu bairro e você
lembrou há quanto tempo não conversava despreocupadamente com sua família...
Diante disso
tudo, eu espero que em 2013 não estejamos “cansados de saber”. Desejo que, ao
invés disso, estejamos cansados de insistir em coisas que não valem a pena, em
repetir comportamentos que não são saudáveis. Desejo que estejamos cansados de
nos acomodar. E então, espero que nesse Novo Ano não nos cansemos, sobretudo, dessa
delícia que são as coisas simples; Que não cheguemos ao ponto de nos casarmos
de saber o quão raro e precioso é estar no mundo, e (amar,) viver.