domingo, 30 de dezembro de 2012

Não se canse de saber.



O que foi feito para melhorar o mau humor da manhã?
E o que foi feito daquela sua cara feia diante de novas oportunidades?
Ah, ainda em tempo: E o bom senso de olhar para os lados, para o outro... Sobrou alguma coisa aí?
Acho que em dias novos, com a roupa de Ano Novo ou não, as perguntas devem aumentar. Aliás, muitas perguntas devem se repetir. Eu acho que tem muita coisa velha que a gente sabe e faz questão de esquecer. Acho mesmo que o grande perigo é “estar cansado de saber”. Chegar ao ponto da exaustão do conhecimento deve(ria) significar excelência, perfeição... E aí, desculpe-me se magoo sábios que peregrinam os cantos do mundo misturados a nós, pobres mortais, mas, para mim, saber é um exercício pro resto da vida. Muitos que estão lendo um pouco de mim por aqui estão “cansados de saber” que antes de P e B se usa a letra M, que a água ferve a 100°C, que o seu pé é do tamanho do seu antebraço, que matar é crime, que palavras podem ferir, que o corpo libera endorfina com a prática de exercícios, que Jesus morreu na cruz, que 1 fusca azul = 1 tapa num colega, que Hoje Li Na Kama Robson CrusFrancês é um macete para identificarmos a primeira coluna da tabela periódica, que Romeu e Julieta é uma obra literária de Shakespeare, que a canção infantil diz “hoje é domingo, pede cachimbo” e não “hoje é domingo, pé de cachimbo”, que a maior fonte de oxigênio são as algas azuis, que as abelhas (operárias) morrem quando picam, que o riso é contagiante, que abraçar é bom demais, que a sinceridade mais gostosa é a das crianças, que... que... que...
Senti vontade de perguntar de novo: Não é irônico e até cômico que estejamos “cansados de saber” dessas coisas e mesmo assim, muitas vezes, esquecermo-nos delas? Desde a ideia mais estúpida, passando pela mais engraçada, inútil, até a mais proveitosa e bela, acredito que saber também é mágico. E, de tão mágico, muitas vezes essas coisas somem da cartola de nossas mentes. Estamos cansados de saber que as palavras ofendem, mas... Nem preciso continuar, né? Também estamos cansados de saber que esperamos demais pelos grandes momentos, festas, viagens, mas que se não houver pessoas que amamos por perto, gente que acredita pelo menos um pouco na vida como nós, tudo fica chato, sem brilho e quase vazio. E que apesar de os grandes momentos serem realmente especiais, o que mais nos constitui são aqueles outros momentos; Aqueles em que vivemos com roupas velhas, sentados na calçada, conversando com um parente mais velho e ouvindo as histórias de sua época... Compomo-nos das tardes na sombra do abacateiro, na rodinha de amigos brincando de bater figurinha, dando um trocado pra um mendigo que confessou querer beber uma pinguinha mesmo, no abraço daquele amigo que só precisava chorar no seu ombro, naquela bronca que doeu pra sair, mas foi necessária; Nos pedidos de desculpas que revelam o reconhecimento dos erros, naquela cartinha inesperada que chegou à sua casa, na segunda ou terceira leitura daquele livro genial, naquele passo de dança, no olhar profundo e puro de um cão, quando tocou aquela música e você se arrepiou, no dia em que você trombou com alguém especial na rua que não via há anos, e até quando acabou a energia no seu bairro e você lembrou há quanto tempo não conversava despreocupadamente com sua família...
Diante disso tudo, eu espero que em 2013 não estejamos “cansados de saber”. Desejo que, ao invés disso, estejamos cansados de insistir em coisas que não valem a pena, em repetir comportamentos que não são saudáveis. Desejo que estejamos cansados de nos acomodar. E então, espero que nesse Novo Ano não nos cansemos, sobretudo, dessa delícia que são as coisas simples; Que não cheguemos ao ponto de nos casarmos de saber o quão raro e precioso é estar no mundo, e (amar,) viver.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

apenas para registrar o que pensei na data.

Hoje, no dia do professor, cá estou, a caminho do término do curso de pedagogia, pensando no que quero. 
"O que eu quero?" Sinceramente, não sei. Mesmo tão perto do universo dos professores, eu não sei.. Mas, eu sei o que eu NÃO quero: Não quero dar continuidade ao mecanicismo. Não quero ser responsável por acomodar pessoas. 
E, pensando nisso, chego à ideia de que o professor deve(ria) incomodar.

Falo isso pensando que todo mundo sabe o que é incomodar.
Sabe quando você era aluno e o professor dizia uma frase que ficava ecoando na sua mente por mais de uma semana enquanto você tomava banho, jantava ou caminhava pela rua? É isso.
Ser professor, pra mim, implica em plantar sementes que vão perseguir seus alunos pelo resto da vida; Plantar sementes que se enraízam de tal maneira que você quer distribui-las "aos seus". Sementes que vão estar em bocas velhas e enrugadas dizendo aos que estão por iniciar a trajetória da vida:

- quando eu tinha a sua idade ouvi, vi, vivi "blablabla bla bla...........................", e eu preciso que você saiba disso.

Acho que ser professor é marcar vidas (quer queiram ou não).
Não sei se serei professora. Mas, hoje, no dia dos professores, quero dizer aos meus professores de verdade (os que encontrei dentro ou fora da escola - e, aos que estão lendo, espero sinceramente que se reconheçam aqui): MUITO OBRIGADA por terem incomodado!!!
Sendo parte da equipe ou não, tenho sementes que sempre imploram por aflorar noutros peitos férteis. É por isso que vivo soprando um pouco de VOCÊS por aí! Muito, muito obrigada mesmo por terem me incomodado nesse nível!

um causo.

Esses dias, enquanto eu tentava falar com uma amigona minha percebi que ela estava "viajando". Mais tarde, vim a saber o motivo: ela estava escutando uma conversa paralela. Nessa conversa, ela ouviu alguma voz dizer que o pessoal da Faculdade X (pra evitar polêmicas) não tem "senso crítico". E aí eu fiquei pensando, né? Claro.
Desde que eu pus os pés na faculdade, até agora, é impressionante o qua
nto eu vejo as pessoas d i s puta r e m por "suas bandeiras".
O povo da faculdade A é maconheiro, da faculdade B é várzea, do curso C é coxa, do curso D é esnobe, do curso E é inocente, da faculdade X não tem senso crítico. Nossa.. que maçante, hein?
Eu tenho ctz que por trás de todas essas rotulações há exceções porque, graças ao meu desprendimento a algumas "coisinhas", fui capaz de conhecê-las.
Por sorte ou não, gosto de saber o que as pessoas pensam antes de saber suas origens. Graças a todos os níveis na "escala do senso crítico" eu reforço alguns ideais, e modifico outros.
Acho que já passou do tempo pra gente procurar saber o que as pessoas carregam consigo antes de ver as roupas, de saber de qual faculdade vieram e cia. Nossas escolhas dizem muito a nosso respeito, mas não dizem tudo. E, aceitem ou não, TODOS nós vacilamos ao longo da vida. Que ótimo poder mudar de ideia, poder melhorar (ou não).
Eu prefiro alguém que se preocupe com o outro do que alguém com senso crítico demais a ponto de não poder estar perto dos "ignorantes" demais. Aliás, por falar em "ignorância"............

domingo, 21 de outubro de 2012

quanto mais perto, mais longe?



hoje, o carro que andava na minha frente refletia, pela sombra escura do vidro, a luz de uma tv embutida no banco do passageiro. Consegui identificar que era um desenho animado (sei lá qual).
E, nesses poucos minutos, acho que cerca de 5 ou 6, a minha cabeça começou a dar mil voltas.
Eu to mesmo nesse mundo em que alguns pais abdicam de suas funções básicas para com seus filhos?
A mesa do almoço e do jantar já é raridade. Os cômodos, ao invés de unir, viram mundos particulares que interligam mais o espaço do que as pessoas. E, agora, até mesmo o passeio dos vidros abertos com o vento despenteando os cabelos, das brigas pela rádio a ser ouvida, da briga pela 'banco da frente', do som do pneu no paralelepípedo e nos buracos, do barulho das peças soltas no carro... Enfim, esse pequeno espaço que poupa o esforço físico da caminhada vai poupar, tbm, as mentes e aquietar as almas, sufocando-as num silêncio pesado e esmagador? (...)
Que pena.
Não sou mãe e não passei por diversas situações de desgaste que nós, filhos, sujeitamos os pais. Entretanto, estou certa de que se eu optar por ter um filho, vai ser pra fazê-lo como fizeram comigo... Conhecendo a nova criatura que eu trouxer ao mundo, descobrindo seus pontos fracos e revelando os meus. Acho que se é pra escolher ser qualquer coisa, que se escolha com vontade, não com preguiças que vão fazer-nos vacilar ao ponto de desconsiderar os passos registrados ao longo do caminho. Aceito falhar, aceito ter o dia de pensar no por quê (?), mas recuso-me a terceirizar emoções, a vedar discussões dentro de um automóvel só porque 'não há pra onde ir e porque temos que aturar uns aos outros'.
Chame de preconceito, de piegas, de exagero, do que for.. Mas, eu acho, mesmo, uma pena os pais preferirem o som de uma tv à voz de seus filhos no pouco tempo que lhes resta juntos. E lamento.. lamento MUITO por isso.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

looping heart


Não sei sobre o que exatamente estou disposta a escrever. O que sei, nesse momento, é que meu coração está dando voltas... parece que saiu do consagrado canto esquerdo do peito e percorreu o canto direito, passou pelo ventre, resolveu saltar pelos braços e pelas pernas. Mas, quando tentou subir até a cabeça, parou. Foi como se o tivesse ouvido dizer "por que subirei aqui? eu? tornar racional as coisas mais puras, loucas, coloridas e até mesmo as cinzentas?". E, assim, na soma das singularidades sentidas e pensadas, aqui se encontra meu coração: aos pulos. E hoje ele pulou tanto que algumas lágrimas também não souberam como cair. Algumas delas travaram num canto qualquer do corpo, mas, outras não suportaram se esconder e precisaram molhar a face que, outrora, zombava de si mesma.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Alô? Sra Tecnologia?




Sei que isso não é novidade, mas tenho um recado para você, Sra Tecnologia:


o meu novo celular tem mais teclas com letras do que com números. Também sei que isso é um recurso facilitador para o envio de sms's e cia, mas foi um tanto quanto assustador olhar para meu velho aparelho e ver que a frente de cada número há 3 letras. No aparelho "velho" eu digitava, até ontem, 3x caso quisesse usar a letra C localizada na tecla com o número 2. Também deveria esperar uns 2 segundos caso quisesse usar a letra E depois de ter usado a letra D, porque ambas estavam na mesma tecla, com o número 3. Em meu novo aparelho, este que a Sra modernizou, os números estão posicionados à esquerda, espremidos juntos as letras que, agora, são a prioridade. Eu parei no tempo em que o celular era usado só para ligações? Não (embora seja meu desejo por algumas vezes).
Felizmente (ou não), eu não soube me adaptar ao outro recurso que a Sra incluiu no mundo quando excluiu mais algumas criaturas em seu universo - o recurso touch screen. Não tive muita paciência quando eu toquei a tela para usar a letra H e a Sra entendia que era a letra G, quando não tratava logo de usar as duas de uma vez!
Não sou do tipo que recusa as facilidades que a Sra disponibilizou a nós, meras criaturas humanas a serviço de vossas serventias... Mas, a Sra inventa cada coisa que eu me deparo sozinha no sofá de minha sala, olhando para uma de suas criações, dizendo em voz alta "NOSSA!". E me deparo assim. E, junto ao espanto, sinto-me refém. Se não sou refém de vossas facilidades tão tentadoras e divertidas, sou refém de seus outros reféns quando me pego "disputando a atenção" com um aparelho. Muitas vezes, estou mais ao lado deles do que das pessoas. Muitas vezes, desculpe-me o exagero: vejo as pessoas como aparelhos gigantes gritando "blá blá blá" mundo a fora. N-ã-o! Eu NÃO entendo a língua que substitui um aparelho quando estou cara a cara com "alguém". Fico brava, fico incomodada messsmo. Quando eu quero usar os recursos que a Sra espalhou por aí eu os uso para suas respectivas funções; Não me venha querendo substituir sentimentos, pessoas, humanos (humanos? vocês me ouvem?). Mecanizar o que muitos já têm esquecido por aí, o que muitos deixam repousando no travesseiro despreocupado sobre a cama de suas casas... mecanizar a vida abstrata que nós incansavelmente tentamos dar (mais) vida é jogar baixo demais. E, desculpe Sra Tecnologia... mas, assim, não dá mais! Sou tua cliente, contribuo para vossa existência, mas poupa teus servos do vício de vossa prisão - "Perdoai-os, eles não sabem o que fazem". 

terça-feira, 24 de julho de 2012

ver(aci)dade.



A relatividade da verdade torna frágil a concepção de mentira. E isso reforça, pra mim, o cuidado para com aquilo que se vê antes das roupas quando repousamos o olhar diante dos espelhos da vida.






Imagem: Ira Fox.
Aos interessados em seu belíssimo e criativo trabalho, a fonte: http://noticias.r7.com/internacional/fotos/fotografo-usa-reflexo-em-pocas-para-criar-espelho-de-cotidiano-20120309-3.html#fotos 

domingo, 22 de julho de 2012

PARE. Você para?



Estava no banco do passageiro, sozinha dentro do carro parado em um estacionamento a céu aberto, de onde era possível ver muitos carros passando ao mesmo tempo. Ali, quase em minha frente, havia uma rotatória com pelos menos 4 possibilidades de caminhos... Por segundo, não sei dizer quantos carros e rostos pude ver. Fiquei pensando: Como o mundo ficou assim?!
As ruas foram asfaltadas, as placas foram criadas, o PARE foi criado... e mesmo sem uma câmera ou um guarda apitando, a coisa funciona. Assim, em seguida pensei: O que faz uma pessoa parar diante de uma placa "PARE"?
Nós confiamos uns nos outros, mesmo sabendo que em um dia qualquer, com chuva ou não, em um horário convencional ou não... alguém pode simplesmente decidir ignorar a placa e não parar enquanto você passa.
A partir disso, ampliei os questionamentos. Pensei: O que realmente rege o mundo? O que faz com que o ser humano defenda princípios? O que faz com que eu e você pensemos que é melhor viver "assim"?  Deus? A Ciência? As Leis? A Família? A Religião? Filosofias? (...)
Há diversas possibilidades, mas todas elas me fizeram pensar que o comando disso tudo (não importa por qual razão e por qual ordem de prioridade) antecede qualquer tipo de referência na escala das prioridades. E essa coisa é VOCÊ.
Obviamente, há milhares de acontecimentos no intercurso da vida que nos impede de adotar escolhas e fazem lembrar do verdadeiro primata que ainda habita as profundezas de nosso âmago... E aí acontece assim: simplesmente reagimos. É como se nos deixássemos a deriva. É como abandonar o convés e o leme, e a direção já não mais importasse. 
Por escolha ou não, por algumas vezes (ou muitas, vai depender) é excelente não saber para onde seremos levados... surpresas acontecem e testam nossas capacidades de adaptação, testam nossos mundos - do sagrado ao profano - mas, a qualquer momento é possível optar. O comando está a nosso alcance, ainda que a opção seja deixá-lo ao léu. Assim, desconsiderando os degraus dos traumas e de todo o emaranhado de questões que eles são capazes de algemar, quem realmente significa o mundo para nós somos nós mesmos, a partir, é claro, de tudo aquilo que vivemos e de toda nossa interação com os outros, com o mundo. 
Significar o mundo, por mais interação que envolva, apresenta-se como gesto particular. Basta que toda criatura humana desse planeta se posicione diante de uma mesma flor por alguns segundos... O que ela significa? Alguns a pisotearão, outros a utilizarão como acessório, outros irão apreciar sua beleza, outros apenas o seu perfume, outros farão uma música, uma poesia, outros criarão um ritual, outros pensarão em regá-la, outros sentirão vontade de dançar, outros irão desprezá-la, outros irão questionar se aquilo realmente é uma flor, outros irão acariciá-la... outros... outros... outros...
Sendo assim, fiquei pensando em uma frase do Saramago que, desde que li, considero incrível "Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro."
No momento em que li, pensei "quero isso pra mim. Quero ser assim".
Mas, como isso é difícil!
QUEM, no mundo, é assim?! O mundo virou uma grande propaganda... e por mais que não admitamos, estamos sempre tentando convencer. Quem não quer ter aliados?! Ninguém veio ao mundo para formar uma torcida consigo mesmo; Ninguém veio ao mundo para cantar ou dançar sozinho o tempo todo, ninguém veio ao mundo para viver a melodia de uma única canção.
A diversidade poderia significar soma - eu dou o que você não tem, e vice-versa... sem precisar deixar de ser o que se é para que o outro nos conheça. E o problema, em minha opinião, é que a diversidade tem significado disputa, competição - é melhor ser magro a ser gordo, é melhor ouvir rock do que música erudita, é melhor ser de direita do que ser de esquerda, é melhor ser heterossexual do que homossexual, é melhor viver um matrimônio do que "juntar", e é melhor, é melhor, é melhor... é pior. 
Até quando?!
Ainda é muito difícil aceitar que o outro pense diferente de nós.
Temo que estejamos vestindo alforjes. Sinto medo de que, vestindo-os, olhemos apenas para o que está a nossa frente e esqueçamos de perceber o que o outro tem acrescentado em nós. Tenho medo de que nos tornemos "cegos e surdos"...e, mais do que isso, insensíveis à grandiosidade do mundo.

PARE.


Não importa a natureza dos comandos, não importa a força maior que está influenciando o porquê de segui-los ou não... Você pode até pedir ajuda, mas o que vai restar é o seu espelho interno - Você.
Você está contente com o que tem visto aí dentro e tem mostrado por fora?
Você é o mesmo dos dois lados?

Olhar para si é parte da resposta a questionamentos que dizem respeito à vida como um todo.
Por que você para diante da placa PARE? Você SEmpre PARA?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

não é seleção natural, mas sim opcional.



Não é o tamanho das asas que pode me dizer sobre a habilidade de voar, mas sim o quanto as asas são/estão dispostas a abrir antes de alçar qualquer voo.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O que sobra no teu penhasco?



Estive pensando a respeito do caráter; O que realmente é responsável por formá-lo e até que ponto ele "é o que é".
Desde que entrei na faculdade ouço frases do tipo "a faculdade muda as pessoas". E, ainda hoje, considero isso tão inocente.
Mudar é uma transformação que ocorre ao longo da vida, e isso se deve ao fato de passarmos por diversas situações, as quais põem em prova o que somos - e aqui vale traduzir: o que somos sem a roupa do corpo, sem o carro, a casa, sem o rostinho bonito, feio, limpo, sujo e/ou lalala.
Quer saber se sou a mesma desde que entrei na faculdade?
Não sou. Passei por diversas situações desagradáveis, outras diversas incríveis... E a sensação que tenho é a de que sou um penhasco a beira mar. Conforme a força da água e do vento, um pouco é alterado e tudo que realmente prego, defendo, que me reafirma ou contradiz vai ficando mais evidente.
É assim. Não deixei de ser quem sou apenas porque não tenho meus pais por perto ou pessoas mais envolvidas em minha vida para "vigiarem" o que faço. Tudo o que reprovo em um canto, reprovo em outro.
Tenho uma tendência a achar que muita gente sempre foi de determinado jeito, com a diferença de que em determinado período da vida não tinha oportunidade para sê-lo. Considero isso incrivelmente curioso, e penso que isso diz muito sobre nós.
Em uma aula de psicologia, no ano passado, a professora questionou: "se você entrar em um banco e encontrar uma quantia razoável de dinheiro no chão, você não pega por que tem alguém te olhando, por que tem uma câmera, ou por que aquilo não é teu?"
Não pegar o dinheiro é a parte que a gente mostra; o porquê de não pegá-lo é o que está por dentro, e isso, ah... isso é a estrutura que sustenta um prédio inteiro.
O ser humano muda, muda mesmo e muda sempre... mas o caráter, até onde eu sei, não. O caráter é tudo aquilo que sobra no penhasco...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Durante a vida, você quer viver o quê?



Sabe quando você olha para o lado e há olhares maiores do que qualquer coisa grande que você já viu na vida? Cumplicidade. Há pessoas nesse mundo capazes de envolver-nos em tamanho abraço, e isso passa a certeza do quanto estar no mundo é belo, frágil e enriquecedor...
Belo porque realça o brilho nos olhos, faz-nos prestar atenção em detalhes incríveis que tantas vezes escapam em meio a tanta imensidão. É isso que nos dá uma sensação de privilégio mesmo quando, proporcionalmente, somos tão insignificantes perante o Universo.
Frágil porque mostra como nossa resistência se equipara ao vaso de porcelana protegido da família que pode quebrar a qualquer momento. Às vezes dá pra colar, restaurar... mas às vezes, por pura distração ou descuido, pode espatifar. Portanto, merece cuidado.
E, finalmente, enriquecedor porque preenche, traz um pouco do outro pra dentro de você, traz fragmentos do mundo e das relações com ele incorporados de maneiras sutilmente penetrantes.
Abraços e olhares - os verdadeiros e puros, diga-se de passagem - são assim, envolvem e cativam, revigoram e dão sentido à vida.
Acho que apesar das ambições, no fundo, eu vivo pra isso, vivo disso. Quero esses olhares e esses abraços. Gosto de habitar pessoas, gosto que elas residam em mim. E isso não é um convite, é um contrato de espontaneidade entre mim e as afinidades. Amar seus pais, seu irmão, seu amigo e sua namorada não acontece porque você quer... querer é apenas uma parte da história. Amar é um conjunto de encantamento junto de uma infinidade de acontecimentos que não se explica. Não dá pra escolher amar. Também não amo os "meus" porque me amam (à sua própria maneira). Eu os amo porque sem qualquer tipo de cobrança somos cúmplices, eu os amo porque me preenchem ainda que de formas repetidas e clichês... Riso. Choro. Saudade. Mimo. Bronca. Briga. Cócegas. Mágoa. Rotina. Repetidas e deliciosas formas de abraçar. Eu me delicio com as (algumas) mesmas coisas, mas o gosto sempre surpreende. O sabor das intenções depositadas no hoje, tão fresquinho quanto o frescor dos banhos da manhã.
Gosto de habitar o mundo e sentir que ele também vive dentro de mim. Gosto de abrir os braços e pensar que o vento me abraçou, de sentir a testa franzir com a luz do sol, de me molhar na chuva, de pensar que eu fechei os olhos e devorei aquele pedaço do céu, com aquelas nuvens e aquelas árvores nos trechos das montanhas. E a Lua... a Lua eu não ouso roubar, é ela que me rouba. Desse mundo, só conheço uma e ela merece ser admirada por todos. Adoro olhar pra cima e ver que ela está lá, às vezes como um sorriso, às vezes tímida por trás das nuvens, outras vezes tão dona de si, cheia e com a cor e luz que fotografia ou tinta alguma é capaz de compensar cinco segundos de contemplação.
E em meio ao "tornar-se mais adulta", às obrigações e horas marcadas (blé!), penso que arrumo formas pra ter tudo isso mais perto... O que sempre ajuda bastante é a Arte. E, cá entre nós, acredito que ela seja a grande (senão a maior) metáfora da vida... Não é à toa a frase "a arte de viver". Viver é uma arte mesmo!

Acho que é tudo isso. Eu vivo assim... no final do dia, é isso que me resta, é isso que me diz que amanhã vale a pena abrir os olhos e começar tudo de novo.

Escolha. Vista.


Às vezes (leia muitas), penso que todos nós somos rondados por uma frase: "tenho que".
E isso pode servir pra milhares de atividades do dia-a-dia.
Tenho que falar mais, ou falar menos;
Tenho que ser mais otimista, ou mais realista;
Tenho que ser menos rancoroso(a), ou chorar menos;
Tenho que parar de pensar nele, ou nela;
Tenho que parar de acreditar que ele(a) vai mudar;
Tenho que parar de pensar que o mundo vai mudar;
Tenho que parar de ser "assim";
Tenho que parar de confiar nas pessoas, ou confiar menos nelas;
Tenho que... Tenho que... Tenho que...
E sabe o que mais? Eu não "tenho que" nada.
Penso que de obrigações já bastam as que não nos perguntam nada e muito menos nos dizem "olá" na vida.
Se eu estiver triste, com raiva, pensando nele(a) e resolver ligar, se estiver com vontade de me calar, de falar, de escrever, de ir, de ficar... Se eu estiver sentindo seja lá o que for, qual a razão para não assumir isso?
A vida é feita de escolhas, posicione-se. Mas saiba: não há escolha sem perda. Saiba ganhar. Saiba perder.
Existe uma coisa chamada balanço. Meça as consequências, analise as possibilidades... acho que sonhar nunca é demais.
Começa a chover e você não sabe se toma a chuva, se corre, se espera passar ou se compra um guarda-chuva? Sonhe com todas as possibilidades, vista todas. Escolha uma, vista-a. Essa escolha é você. Isso não vai te definir pro resto da vida, só vai te exibir por hoje ou por quantas vezes mais vier o desejo de repetir.
Não sabe se aceita o convite pra fazer trilha de bicicleta ou pra fazer compras no shopping? Em pensamento, aceite os dois, um de cada vez. Qual te fez sorrir mais enquanto sonhava? Taí! Vai nessa! Mas pare de ficar com aquela outra frase chata "e se (eu tivesse...)?". Essa é a maior roubada.
Adoro essa, do filme Cartas para Julieta:
" "e" e "se" são duas palavras tão inofensivas quanto qualquer palavra, mas coloque-as juntas lado a lado, e elas tem o poder de assombra-lá pelo resto da sua vida. "E se".. E se? E se? "
Elas realmente assombram. Se você não sabe o que fazer, vá atrás das respostas ou, simplesmente, pare de perguntar. Porque se você pergunta, em algum momento - pode ser já ou quando você estiver desprevenido - a vida, o mundo e as pessoas sempre vão dar um jeito de responder. Ver as respostas e enxergá-las... já é um ooooutro assunto... =)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Muda(r)!


Há dias em que canso muito fácil.. Canso da cara de algumas pessoas, de comentários previsíveis, da programação previsível da tv mesmo com notícias atualizadas em tempo real, canso desse mundo com cheiro de fumaça e lixos sendo atirados por mãos de gente da mesma raça que a minha. E... eu canso! Mas tenho proposto um desafio diário para mim: Pra tudo que eu for fazer, devo usar meu máximo, e isso não significa que vou desperdiçar energia, apenas doar o melhor e tentar extrair o melhor. Se for pra ser idiota, quero me acabar em minha própria estupidez... criar cabines imaginárias para lamber pratos nos restaurantes ao lado de uma amiga (hoje fizemos isso, e rimos MUITO, porque essa cabine "estava lá"). Se for pra ser ombro de alguém, que eu diga tudo o que eu faria se fosse esse alguém, mesmo que isso venha a magoar... é mesmo bem melhor magoar com a pior verdade. Se for pra estudar, que seja algo que me faça acreditar que vale a pena estar viva e investir na vida mesmo que eu não ganhe muito dinheiro com isso. Quero comer e poder pagar minhas contas, o resto... faço os malabarismos necessários pra conseguir. Eu vou cansar, mas e daí? Se eu puder fechar os olhos e sentir que meus pulmões têm satisfação junto do ar (apesar de suas impurezas)... É... é isso! Ainda quero acordar e mudar.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Sua escolha, seu caminho.


"Alice: - Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
Gato: - Depende bastante de para onde quer ir.
Alice: - Não me importa muito para onde.
Gato: - Então, não importa que caminho tome.
Alice: - Contanto que eu chegue a algum lugar...
Gato: - Oh, isso você certamente vai conseguir... desde que ande o bastante (...)"

Acho que a vida tem bastante desse diálogo. Se não soubermos o destino, o caminho pouco (ou nada) importa. Às vezes, é bom descobrir conforme os passos, outras vezes, é bom saber onde se pisa...

E aí, também lembrei de Lulu Santos:
" Eu acho tão bonito isso 
  De ser abstrato, baby 
  A beleza é mesmo tão fugaz... "

=)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

" nosce te ipsum "


As aspas, aqui, preservam o criador, mas muito me confundiriam se eu lesse em voz alta:

"Sou mestre na arte de falar em silêncio.
Toda a minha vida falei calando-me
e vivi em mim mesmo tragédias inteiras sem pronunciar uma palavra... "

Fiódor Dostoiévski

Mesmo em silêncio, é possível gritar, rir, chorar e muuuito refletir, filosofar... Porque olhar pra si, ao menos para mim, faz parte da aventura de cada dia.
Atualmente, a Terra possui cerca de 7 bilhões de pessoas... em cada uma delas, quantos "heterônimos" recostam-se, escondem-se ou imploram para sair/revelarem-se? Desfrute-se; Descubra 'alguns de você', em você...





quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Quem é você?

De todo líquido do mundo, não me interessam os que me alteram pra qualquer tipo de despir ou brincam com minha "consciência"... se eu não tiver coragem de ser quem sou enquanto sóbria: Prazer, esta sou eu, cheia de vacilos, covardias e algumas ousadias. Porque eu mostro para o mundo aquilo que me der vontade.
Não preciso de nada para dizer verdades, ficar nua, dançar esquisito ou fazer piada. A vontade e a coragem para tudo isso é o que mais pode dizer sobre mim, não o contrário. O contrário é muito mais fácil e, na minha opinião, muito mais ilusório.
A beleza dos relacionamentos, aos meus olhos, é essa: a surpresa diária.. tanto para consigo, quanto para com o outro. Ser quem se é não acontece em um dia. "À partir de hoje, serei eu". É mesmo? Se conseguir, espero que nunca me ensine... Não isso. Tudo, menos isso!
Acredito, com todas as minhas forças, que ser você mesmo é uma infinita e incansável descoberta; E isso pode vir em forma de decepção ou orgulho, ou, ainda, em forma de indiferença - o que, na minha opinião, nada mais é do que o abandono do corpo que carrega o sem-número de emoções, esse mix de sensações e razões mais popularmente conhecido como ALMA; Auto-abandono.
Da vida, não quero o mais fácil, e isso não significa que desejo o que há de pior. Eu apenas e tão somente desejo qualquer coisa que possa me ensinar, fazer crescer, despertar o olhar. Eu não nasci pra brincar, pra ir a festas, comprar roupas ou acordar cada dia ao lado de uma pessoa diferente. Eu nasci para conhecer os venenos do mundo e vez ou outra morder a maçã dos pecados, sim... Foi pra isso também. Mas vim disposta a fazê-lo com a seguinte condição: não me deixar enganar com eles, não pensar que preciso deles pra "poder ser eu mesma".
Afinal, o que é sermos nós mesmos?
Repito: Se você sabe, nunca me conte. A mim, basta saber que sou tudo o que sinto (independentemente de eu mostrar ou não)... e a instabilidade disso me faz querer saber muito mais. Eu quero descobrir aos poucos. Conheço-me o suficiente pra saber que me decepcionaria demais caso não tivesse mais nada pra descobrir aqui dentro... Porque é isso que me move: saber quem sou, mesmo sabendo quem (ainda) não sou.