quarta-feira, 25 de julho de 2012

Alô? Sra Tecnologia?




Sei que isso não é novidade, mas tenho um recado para você, Sra Tecnologia:


o meu novo celular tem mais teclas com letras do que com números. Também sei que isso é um recurso facilitador para o envio de sms's e cia, mas foi um tanto quanto assustador olhar para meu velho aparelho e ver que a frente de cada número há 3 letras. No aparelho "velho" eu digitava, até ontem, 3x caso quisesse usar a letra C localizada na tecla com o número 2. Também deveria esperar uns 2 segundos caso quisesse usar a letra E depois de ter usado a letra D, porque ambas estavam na mesma tecla, com o número 3. Em meu novo aparelho, este que a Sra modernizou, os números estão posicionados à esquerda, espremidos juntos as letras que, agora, são a prioridade. Eu parei no tempo em que o celular era usado só para ligações? Não (embora seja meu desejo por algumas vezes).
Felizmente (ou não), eu não soube me adaptar ao outro recurso que a Sra incluiu no mundo quando excluiu mais algumas criaturas em seu universo - o recurso touch screen. Não tive muita paciência quando eu toquei a tela para usar a letra H e a Sra entendia que era a letra G, quando não tratava logo de usar as duas de uma vez!
Não sou do tipo que recusa as facilidades que a Sra disponibilizou a nós, meras criaturas humanas a serviço de vossas serventias... Mas, a Sra inventa cada coisa que eu me deparo sozinha no sofá de minha sala, olhando para uma de suas criações, dizendo em voz alta "NOSSA!". E me deparo assim. E, junto ao espanto, sinto-me refém. Se não sou refém de vossas facilidades tão tentadoras e divertidas, sou refém de seus outros reféns quando me pego "disputando a atenção" com um aparelho. Muitas vezes, estou mais ao lado deles do que das pessoas. Muitas vezes, desculpe-me o exagero: vejo as pessoas como aparelhos gigantes gritando "blá blá blá" mundo a fora. N-ã-o! Eu NÃO entendo a língua que substitui um aparelho quando estou cara a cara com "alguém". Fico brava, fico incomodada messsmo. Quando eu quero usar os recursos que a Sra espalhou por aí eu os uso para suas respectivas funções; Não me venha querendo substituir sentimentos, pessoas, humanos (humanos? vocês me ouvem?). Mecanizar o que muitos já têm esquecido por aí, o que muitos deixam repousando no travesseiro despreocupado sobre a cama de suas casas... mecanizar a vida abstrata que nós incansavelmente tentamos dar (mais) vida é jogar baixo demais. E, desculpe Sra Tecnologia... mas, assim, não dá mais! Sou tua cliente, contribuo para vossa existência, mas poupa teus servos do vício de vossa prisão - "Perdoai-os, eles não sabem o que fazem". 

terça-feira, 24 de julho de 2012

ver(aci)dade.



A relatividade da verdade torna frágil a concepção de mentira. E isso reforça, pra mim, o cuidado para com aquilo que se vê antes das roupas quando repousamos o olhar diante dos espelhos da vida.






Imagem: Ira Fox.
Aos interessados em seu belíssimo e criativo trabalho, a fonte: http://noticias.r7.com/internacional/fotos/fotografo-usa-reflexo-em-pocas-para-criar-espelho-de-cotidiano-20120309-3.html#fotos 

domingo, 22 de julho de 2012

PARE. Você para?



Estava no banco do passageiro, sozinha dentro do carro parado em um estacionamento a céu aberto, de onde era possível ver muitos carros passando ao mesmo tempo. Ali, quase em minha frente, havia uma rotatória com pelos menos 4 possibilidades de caminhos... Por segundo, não sei dizer quantos carros e rostos pude ver. Fiquei pensando: Como o mundo ficou assim?!
As ruas foram asfaltadas, as placas foram criadas, o PARE foi criado... e mesmo sem uma câmera ou um guarda apitando, a coisa funciona. Assim, em seguida pensei: O que faz uma pessoa parar diante de uma placa "PARE"?
Nós confiamos uns nos outros, mesmo sabendo que em um dia qualquer, com chuva ou não, em um horário convencional ou não... alguém pode simplesmente decidir ignorar a placa e não parar enquanto você passa.
A partir disso, ampliei os questionamentos. Pensei: O que realmente rege o mundo? O que faz com que o ser humano defenda princípios? O que faz com que eu e você pensemos que é melhor viver "assim"?  Deus? A Ciência? As Leis? A Família? A Religião? Filosofias? (...)
Há diversas possibilidades, mas todas elas me fizeram pensar que o comando disso tudo (não importa por qual razão e por qual ordem de prioridade) antecede qualquer tipo de referência na escala das prioridades. E essa coisa é VOCÊ.
Obviamente, há milhares de acontecimentos no intercurso da vida que nos impede de adotar escolhas e fazem lembrar do verdadeiro primata que ainda habita as profundezas de nosso âmago... E aí acontece assim: simplesmente reagimos. É como se nos deixássemos a deriva. É como abandonar o convés e o leme, e a direção já não mais importasse. 
Por escolha ou não, por algumas vezes (ou muitas, vai depender) é excelente não saber para onde seremos levados... surpresas acontecem e testam nossas capacidades de adaptação, testam nossos mundos - do sagrado ao profano - mas, a qualquer momento é possível optar. O comando está a nosso alcance, ainda que a opção seja deixá-lo ao léu. Assim, desconsiderando os degraus dos traumas e de todo o emaranhado de questões que eles são capazes de algemar, quem realmente significa o mundo para nós somos nós mesmos, a partir, é claro, de tudo aquilo que vivemos e de toda nossa interação com os outros, com o mundo. 
Significar o mundo, por mais interação que envolva, apresenta-se como gesto particular. Basta que toda criatura humana desse planeta se posicione diante de uma mesma flor por alguns segundos... O que ela significa? Alguns a pisotearão, outros a utilizarão como acessório, outros irão apreciar sua beleza, outros apenas o seu perfume, outros farão uma música, uma poesia, outros criarão um ritual, outros pensarão em regá-la, outros sentirão vontade de dançar, outros irão desprezá-la, outros irão questionar se aquilo realmente é uma flor, outros irão acariciá-la... outros... outros... outros...
Sendo assim, fiquei pensando em uma frase do Saramago que, desde que li, considero incrível "Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro."
No momento em que li, pensei "quero isso pra mim. Quero ser assim".
Mas, como isso é difícil!
QUEM, no mundo, é assim?! O mundo virou uma grande propaganda... e por mais que não admitamos, estamos sempre tentando convencer. Quem não quer ter aliados?! Ninguém veio ao mundo para formar uma torcida consigo mesmo; Ninguém veio ao mundo para cantar ou dançar sozinho o tempo todo, ninguém veio ao mundo para viver a melodia de uma única canção.
A diversidade poderia significar soma - eu dou o que você não tem, e vice-versa... sem precisar deixar de ser o que se é para que o outro nos conheça. E o problema, em minha opinião, é que a diversidade tem significado disputa, competição - é melhor ser magro a ser gordo, é melhor ouvir rock do que música erudita, é melhor ser de direita do que ser de esquerda, é melhor ser heterossexual do que homossexual, é melhor viver um matrimônio do que "juntar", e é melhor, é melhor, é melhor... é pior. 
Até quando?!
Ainda é muito difícil aceitar que o outro pense diferente de nós.
Temo que estejamos vestindo alforjes. Sinto medo de que, vestindo-os, olhemos apenas para o que está a nossa frente e esqueçamos de perceber o que o outro tem acrescentado em nós. Tenho medo de que nos tornemos "cegos e surdos"...e, mais do que isso, insensíveis à grandiosidade do mundo.

PARE.


Não importa a natureza dos comandos, não importa a força maior que está influenciando o porquê de segui-los ou não... Você pode até pedir ajuda, mas o que vai restar é o seu espelho interno - Você.
Você está contente com o que tem visto aí dentro e tem mostrado por fora?
Você é o mesmo dos dois lados?

Olhar para si é parte da resposta a questionamentos que dizem respeito à vida como um todo.
Por que você para diante da placa PARE? Você SEmpre PARA?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

não é seleção natural, mas sim opcional.



Não é o tamanho das asas que pode me dizer sobre a habilidade de voar, mas sim o quanto as asas são/estão dispostas a abrir antes de alçar qualquer voo.