domingo, 22 de julho de 2012

PARE. Você para?



Estava no banco do passageiro, sozinha dentro do carro parado em um estacionamento a céu aberto, de onde era possível ver muitos carros passando ao mesmo tempo. Ali, quase em minha frente, havia uma rotatória com pelos menos 4 possibilidades de caminhos... Por segundo, não sei dizer quantos carros e rostos pude ver. Fiquei pensando: Como o mundo ficou assim?!
As ruas foram asfaltadas, as placas foram criadas, o PARE foi criado... e mesmo sem uma câmera ou um guarda apitando, a coisa funciona. Assim, em seguida pensei: O que faz uma pessoa parar diante de uma placa "PARE"?
Nós confiamos uns nos outros, mesmo sabendo que em um dia qualquer, com chuva ou não, em um horário convencional ou não... alguém pode simplesmente decidir ignorar a placa e não parar enquanto você passa.
A partir disso, ampliei os questionamentos. Pensei: O que realmente rege o mundo? O que faz com que o ser humano defenda princípios? O que faz com que eu e você pensemos que é melhor viver "assim"?  Deus? A Ciência? As Leis? A Família? A Religião? Filosofias? (...)
Há diversas possibilidades, mas todas elas me fizeram pensar que o comando disso tudo (não importa por qual razão e por qual ordem de prioridade) antecede qualquer tipo de referência na escala das prioridades. E essa coisa é VOCÊ.
Obviamente, há milhares de acontecimentos no intercurso da vida que nos impede de adotar escolhas e fazem lembrar do verdadeiro primata que ainda habita as profundezas de nosso âmago... E aí acontece assim: simplesmente reagimos. É como se nos deixássemos a deriva. É como abandonar o convés e o leme, e a direção já não mais importasse. 
Por escolha ou não, por algumas vezes (ou muitas, vai depender) é excelente não saber para onde seremos levados... surpresas acontecem e testam nossas capacidades de adaptação, testam nossos mundos - do sagrado ao profano - mas, a qualquer momento é possível optar. O comando está a nosso alcance, ainda que a opção seja deixá-lo ao léu. Assim, desconsiderando os degraus dos traumas e de todo o emaranhado de questões que eles são capazes de algemar, quem realmente significa o mundo para nós somos nós mesmos, a partir, é claro, de tudo aquilo que vivemos e de toda nossa interação com os outros, com o mundo. 
Significar o mundo, por mais interação que envolva, apresenta-se como gesto particular. Basta que toda criatura humana desse planeta se posicione diante de uma mesma flor por alguns segundos... O que ela significa? Alguns a pisotearão, outros a utilizarão como acessório, outros irão apreciar sua beleza, outros apenas o seu perfume, outros farão uma música, uma poesia, outros criarão um ritual, outros pensarão em regá-la, outros sentirão vontade de dançar, outros irão desprezá-la, outros irão questionar se aquilo realmente é uma flor, outros irão acariciá-la... outros... outros... outros...
Sendo assim, fiquei pensando em uma frase do Saramago que, desde que li, considero incrível "Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro."
No momento em que li, pensei "quero isso pra mim. Quero ser assim".
Mas, como isso é difícil!
QUEM, no mundo, é assim?! O mundo virou uma grande propaganda... e por mais que não admitamos, estamos sempre tentando convencer. Quem não quer ter aliados?! Ninguém veio ao mundo para formar uma torcida consigo mesmo; Ninguém veio ao mundo para cantar ou dançar sozinho o tempo todo, ninguém veio ao mundo para viver a melodia de uma única canção.
A diversidade poderia significar soma - eu dou o que você não tem, e vice-versa... sem precisar deixar de ser o que se é para que o outro nos conheça. E o problema, em minha opinião, é que a diversidade tem significado disputa, competição - é melhor ser magro a ser gordo, é melhor ouvir rock do que música erudita, é melhor ser de direita do que ser de esquerda, é melhor ser heterossexual do que homossexual, é melhor viver um matrimônio do que "juntar", e é melhor, é melhor, é melhor... é pior. 
Até quando?!
Ainda é muito difícil aceitar que o outro pense diferente de nós.
Temo que estejamos vestindo alforjes. Sinto medo de que, vestindo-os, olhemos apenas para o que está a nossa frente e esqueçamos de perceber o que o outro tem acrescentado em nós. Tenho medo de que nos tornemos "cegos e surdos"...e, mais do que isso, insensíveis à grandiosidade do mundo.

PARE.


Não importa a natureza dos comandos, não importa a força maior que está influenciando o porquê de segui-los ou não... Você pode até pedir ajuda, mas o que vai restar é o seu espelho interno - Você.
Você está contente com o que tem visto aí dentro e tem mostrado por fora?
Você é o mesmo dos dois lados?

Olhar para si é parte da resposta a questionamentos que dizem respeito à vida como um todo.
Por que você para diante da placa PARE? Você SEmpre PARA?

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