domingo, 30 de dezembro de 2012

Não se canse de saber.



O que foi feito para melhorar o mau humor da manhã?
E o que foi feito daquela sua cara feia diante de novas oportunidades?
Ah, ainda em tempo: E o bom senso de olhar para os lados, para o outro... Sobrou alguma coisa aí?
Acho que em dias novos, com a roupa de Ano Novo ou não, as perguntas devem aumentar. Aliás, muitas perguntas devem se repetir. Eu acho que tem muita coisa velha que a gente sabe e faz questão de esquecer. Acho mesmo que o grande perigo é “estar cansado de saber”. Chegar ao ponto da exaustão do conhecimento deve(ria) significar excelência, perfeição... E aí, desculpe-me se magoo sábios que peregrinam os cantos do mundo misturados a nós, pobres mortais, mas, para mim, saber é um exercício pro resto da vida. Muitos que estão lendo um pouco de mim por aqui estão “cansados de saber” que antes de P e B se usa a letra M, que a água ferve a 100°C, que o seu pé é do tamanho do seu antebraço, que matar é crime, que palavras podem ferir, que o corpo libera endorfina com a prática de exercícios, que Jesus morreu na cruz, que 1 fusca azul = 1 tapa num colega, que Hoje Li Na Kama Robson CrusFrancês é um macete para identificarmos a primeira coluna da tabela periódica, que Romeu e Julieta é uma obra literária de Shakespeare, que a canção infantil diz “hoje é domingo, pede cachimbo” e não “hoje é domingo, pé de cachimbo”, que a maior fonte de oxigênio são as algas azuis, que as abelhas (operárias) morrem quando picam, que o riso é contagiante, que abraçar é bom demais, que a sinceridade mais gostosa é a das crianças, que... que... que...
Senti vontade de perguntar de novo: Não é irônico e até cômico que estejamos “cansados de saber” dessas coisas e mesmo assim, muitas vezes, esquecermo-nos delas? Desde a ideia mais estúpida, passando pela mais engraçada, inútil, até a mais proveitosa e bela, acredito que saber também é mágico. E, de tão mágico, muitas vezes essas coisas somem da cartola de nossas mentes. Estamos cansados de saber que as palavras ofendem, mas... Nem preciso continuar, né? Também estamos cansados de saber que esperamos demais pelos grandes momentos, festas, viagens, mas que se não houver pessoas que amamos por perto, gente que acredita pelo menos um pouco na vida como nós, tudo fica chato, sem brilho e quase vazio. E que apesar de os grandes momentos serem realmente especiais, o que mais nos constitui são aqueles outros momentos; Aqueles em que vivemos com roupas velhas, sentados na calçada, conversando com um parente mais velho e ouvindo as histórias de sua época... Compomo-nos das tardes na sombra do abacateiro, na rodinha de amigos brincando de bater figurinha, dando um trocado pra um mendigo que confessou querer beber uma pinguinha mesmo, no abraço daquele amigo que só precisava chorar no seu ombro, naquela bronca que doeu pra sair, mas foi necessária; Nos pedidos de desculpas que revelam o reconhecimento dos erros, naquela cartinha inesperada que chegou à sua casa, na segunda ou terceira leitura daquele livro genial, naquele passo de dança, no olhar profundo e puro de um cão, quando tocou aquela música e você se arrepiou, no dia em que você trombou com alguém especial na rua que não via há anos, e até quando acabou a energia no seu bairro e você lembrou há quanto tempo não conversava despreocupadamente com sua família...
Diante disso tudo, eu espero que em 2013 não estejamos “cansados de saber”. Desejo que, ao invés disso, estejamos cansados de insistir em coisas que não valem a pena, em repetir comportamentos que não são saudáveis. Desejo que estejamos cansados de nos acomodar. E então, espero que nesse Novo Ano não nos cansemos, sobretudo, dessa delícia que são as coisas simples; Que não cheguemos ao ponto de nos casarmos de saber o quão raro e precioso é estar no mundo, e (amar,) viver.