domingo, 21 de outubro de 2012

quanto mais perto, mais longe?



hoje, o carro que andava na minha frente refletia, pela sombra escura do vidro, a luz de uma tv embutida no banco do passageiro. Consegui identificar que era um desenho animado (sei lá qual).
E, nesses poucos minutos, acho que cerca de 5 ou 6, a minha cabeça começou a dar mil voltas.
Eu to mesmo nesse mundo em que alguns pais abdicam de suas funções básicas para com seus filhos?
A mesa do almoço e do jantar já é raridade. Os cômodos, ao invés de unir, viram mundos particulares que interligam mais o espaço do que as pessoas. E, agora, até mesmo o passeio dos vidros abertos com o vento despenteando os cabelos, das brigas pela rádio a ser ouvida, da briga pela 'banco da frente', do som do pneu no paralelepípedo e nos buracos, do barulho das peças soltas no carro... Enfim, esse pequeno espaço que poupa o esforço físico da caminhada vai poupar, tbm, as mentes e aquietar as almas, sufocando-as num silêncio pesado e esmagador? (...)
Que pena.
Não sou mãe e não passei por diversas situações de desgaste que nós, filhos, sujeitamos os pais. Entretanto, estou certa de que se eu optar por ter um filho, vai ser pra fazê-lo como fizeram comigo... Conhecendo a nova criatura que eu trouxer ao mundo, descobrindo seus pontos fracos e revelando os meus. Acho que se é pra escolher ser qualquer coisa, que se escolha com vontade, não com preguiças que vão fazer-nos vacilar ao ponto de desconsiderar os passos registrados ao longo do caminho. Aceito falhar, aceito ter o dia de pensar no por quê (?), mas recuso-me a terceirizar emoções, a vedar discussões dentro de um automóvel só porque 'não há pra onde ir e porque temos que aturar uns aos outros'.
Chame de preconceito, de piegas, de exagero, do que for.. Mas, eu acho, mesmo, uma pena os pais preferirem o som de uma tv à voz de seus filhos no pouco tempo que lhes resta juntos. E lamento.. lamento MUITO por isso.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

looping heart


Não sei sobre o que exatamente estou disposta a escrever. O que sei, nesse momento, é que meu coração está dando voltas... parece que saiu do consagrado canto esquerdo do peito e percorreu o canto direito, passou pelo ventre, resolveu saltar pelos braços e pelas pernas. Mas, quando tentou subir até a cabeça, parou. Foi como se o tivesse ouvido dizer "por que subirei aqui? eu? tornar racional as coisas mais puras, loucas, coloridas e até mesmo as cinzentas?". E, assim, na soma das singularidades sentidas e pensadas, aqui se encontra meu coração: aos pulos. E hoje ele pulou tanto que algumas lágrimas também não souberam como cair. Algumas delas travaram num canto qualquer do corpo, mas, outras não suportaram se esconder e precisaram molhar a face que, outrora, zombava de si mesma.