domingo, 6 de abril de 2014

Nessa Copa, vai torcer para o Brasil?

Vou, claro. Vou torcer para que a Violência não veja, nesse espaço marcado no calendário da História, uma oportunidade para dar o seu pior show; Vou torcer para o Brasil valorizar a Educação, a ética, a solidariedade, a honestidade.
E por falar em honestidade, honestamente, não faz a menor diferença, para meu o "orgulho de ser brasileira", ver o Brasil ganhando ou não essa Copa. Gosto do futebol, sou amplamente a favor do esporte e também amo muitas coisas que compõem esse país, mas me entristece e decepciona ver o modo como muita coisa é construída - nos moldes de um castelo de areia, pronto pra desmoronar.
Dói reconhecer como, por vezes, tanta sujeira não me surpreende mais. Tem sido parte do cidadão brasileiro esse sentimento de "ah, vá?! É o Brasil, né?". Isso é muito triste: perdemos a fé, a crença, a expectativa de ver melhoras.
Não gosto disso.
Seria bom se começássemos a alimentar menos a fogueira na qual tanto tem queimado a nossa bandeira de "Ordem e Progresso". É difícil acreditar... e como é! Eu sei. Mas, eu vou continuar acreditando, começando por mim mesma, e por muitos que vejo trabalhando duro nessa luta diária de fazer vingar o bem, de fazer crescer a paz.




A segunda parte é um repasse. Ouvi e li algumas vezes.
Fica pra quem não conhece, e pra quem conhece também:

Só de sacanagem, Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta a prova? Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro. Do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta a prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e todos os justos que os precederam. 'Não roubarás!', 'Devolva o lápis do coleguinha', 'Esse apontador não é seu, minha filha'. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar! Até habeas corpus preventiva, coisa da qual nunca tinha visto falar, sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará! Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear! Mais honesta ainda eu vou ficar! Só de sacanagem!Dirão: 'Deixe de ser boba! Desde Cabral que aqui todo mundo rouba!E eu vou dizer: 'Não importa! Será esse o meu carnaval! Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos.' Vamo pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambal.Dirão: 'É inútil! Todo mundo aqui é corrupto desde o primeiro homem que veio de Portugal!'E eu direi: 'Não admito! Minha esperança é imortal, ouviram? Imortal!'Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final!