terça-feira, 19 de julho de 2011

O que posso ler por mil anos, e mais mil, e mais mil...

Por que eu sou apaixonada por Ele?
É auto-explicativo:


    Como é por dentro outra pessoa Quem é que o saberá sonhar? A alma de outrem é outro universo Com que não há comunicação possível, Com que não há verdadeiro entendimento. 
    Nada sabemos da alma Senão da nossa; As dos outros são olhares, São gestos, são palavras, Com a suposição de qualquer semelhança No fundo.
    Fernando Pessoa, 1934
*Muito embora eu pense que tocamos uns aos outros por meio de todas essas tentativas de supôr semelhança... Eu acredito, sinceramente, que vivenciamos a experiência de navegar na alma do Outro a todo instante e, embora frustrante, paralelamente, é fascinante...

Ah, Fernando Pessoa(S)!

terça-feira, 5 de julho de 2011

a irritável melodia do tic-tac...

Hoje estou aqui para fazer uma confissão: tenho um certo ódio do relógio. Eu gosto de usar o tempo conforme as atividades, não conforme os números. Pra mim, é terrível ter que estar às 19h em uma lanchonete... por que tornar a diversão um ofício? Combina de ir pra lá depois do banho, depois da janta, sei lá. Hoje, além de tudo, existe celular. Comunicação, gente... comunicação!
Alguém me liga e diz "tô pronta... tô indo pra lá."
Beleza! Se eu disser que daqui 10 minutos apareço e, além dos 10, demorar mais 20... já deu zica! A pessoa esperou os exatos dez minutos e me "deu" mais míseros cinco minutos de lambuja; e eu me lasquei... porque eu combinei. Determinei.
Pra mim, cada um respeita seu ritmo e sua vontade. Na verdade, acho que essa "birra" vem da minha paixão pela espontaneidade. Penso que quando alguma coisa é importante pra mim, não importa se cheguei antes, no bendito horário, ou depois. Se eu fui... eu fui. Significa que eu desejei ir, e fui no meu tempo... sem tempo. rs
Mas, não. Não to abolindo o relógio das nossas vidas. Compromissos carregam a necessidade da negociação de horário. Temos agendas diferentes, e hoje, tudo precisa ser combinado. Cada vez mais, tudo isso é uma questão de "sobrevivência"...
O meu "apelo" é, apenas, ao respeito para com a diversão... Porque, pra mim, isso não tem hora. Ou não deveria ter...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

de novo?

Você com certeza já deve ter vivenciado uma situação na qual, após ter piscado, teve a certeza de já ter vivido aquilo daquele jeito, com aquelas pessoas, naquele lugar...  Déjà vu!
Eu tenho um certo encantamento por essa sensação misteriosa. Você não precisa provar pra ninguém o que sentiu, pois, sentindo, quem prova o contrário? Acho que é por isso que, ao nos depararmos com esse "conflito", damos aquela sacudida de cabeça em sinal de "não" e piscamos várias vezes na tentativa frustrada de descobrir o que é real naquele momento. Já reparou que depois disso a gente ri? Como quem diz "que caramba! eu sei que eu já passei por tudo isso aqui, mas não é possível". Sendo ou não... quem explica as sensações que chegam até nós, não é mesmo?
Penso que o mais bacana nisso tudo é exatamente esse clima de mistério... diga-me se você estiver pronto para responder às milhões de perguntas que te cercam!
Conhecer é a arte de fazer uma única pergunta para obter várias respostas...

domingo, 3 de julho de 2011

o pôr-do-sono.

Eu acho tão "engraçado" o modo como o corpo avisa que precisa descansar. A postura muda de energia, os ombros encolhem, as mãos amolecem, perde-se a força... os olhos iniciam uma disputa de piscadelas - eles não sabem se piscam para tentar manter o resto do corpo "acordado", ou se fecham para completar todos as dicas que o cerebelo, bravamente, insiste em dar.
Quando com sono, sinto-me embriagada, com as capacidades mais limitadas. É nesse estágio que o corpo todo ocupa o lugar da boca; é assim que o corpo fala.
Dormir é ceder às dicas do corpo, é encolher-se em seu próprio mundo... e é nesse mundo paralelo que cada um vira o que quer e, muitas vezes, depara-se com aquilo que mais teme. Esse espaço entre aquilo que controlamos e não controlamos é o inconsciente, o qual,  necessariamente, dialoga com seu passado e/ou futuro. Não existe desconexão completa no sono. Todavia, de olhos fechados, a liberdade para os cenários e os encontros que se dão no mesmo é dotado de um sabor diferenciado... E, "aqui", cada um escolhe a sua maneira de digerir.
Hoje eu vou me sentar à mesa de café da tarde do Chapeleiro de "Alice". Vou morder o relógio e usar os ponteiros como talheres... engolir os números e me recostar à sombra de uma árvore. Nela, talvez haja um gato que sorri de quando em quando, um filósofo em corpo de lagarta e um coelho que, como eu (por ter engolido o relógio), não sabe as horas.