domingo, 3 de julho de 2011

o pôr-do-sono.

Eu acho tão "engraçado" o modo como o corpo avisa que precisa descansar. A postura muda de energia, os ombros encolhem, as mãos amolecem, perde-se a força... os olhos iniciam uma disputa de piscadelas - eles não sabem se piscam para tentar manter o resto do corpo "acordado", ou se fecham para completar todos as dicas que o cerebelo, bravamente, insiste em dar.
Quando com sono, sinto-me embriagada, com as capacidades mais limitadas. É nesse estágio que o corpo todo ocupa o lugar da boca; é assim que o corpo fala.
Dormir é ceder às dicas do corpo, é encolher-se em seu próprio mundo... e é nesse mundo paralelo que cada um vira o que quer e, muitas vezes, depara-se com aquilo que mais teme. Esse espaço entre aquilo que controlamos e não controlamos é o inconsciente, o qual,  necessariamente, dialoga com seu passado e/ou futuro. Não existe desconexão completa no sono. Todavia, de olhos fechados, a liberdade para os cenários e os encontros que se dão no mesmo é dotado de um sabor diferenciado... E, "aqui", cada um escolhe a sua maneira de digerir.
Hoje eu vou me sentar à mesa de café da tarde do Chapeleiro de "Alice". Vou morder o relógio e usar os ponteiros como talheres... engolir os números e me recostar à sombra de uma árvore. Nela, talvez haja um gato que sorri de quando em quando, um filósofo em corpo de lagarta e um coelho que, como eu (por ter engolido o relógio), não sabe as horas.

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