quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Durante a vida, você quer viver o quê?



Sabe quando você olha para o lado e há olhares maiores do que qualquer coisa grande que você já viu na vida? Cumplicidade. Há pessoas nesse mundo capazes de envolver-nos em tamanho abraço, e isso passa a certeza do quanto estar no mundo é belo, frágil e enriquecedor...
Belo porque realça o brilho nos olhos, faz-nos prestar atenção em detalhes incríveis que tantas vezes escapam em meio a tanta imensidão. É isso que nos dá uma sensação de privilégio mesmo quando, proporcionalmente, somos tão insignificantes perante o Universo.
Frágil porque mostra como nossa resistência se equipara ao vaso de porcelana protegido da família que pode quebrar a qualquer momento. Às vezes dá pra colar, restaurar... mas às vezes, por pura distração ou descuido, pode espatifar. Portanto, merece cuidado.
E, finalmente, enriquecedor porque preenche, traz um pouco do outro pra dentro de você, traz fragmentos do mundo e das relações com ele incorporados de maneiras sutilmente penetrantes.
Abraços e olhares - os verdadeiros e puros, diga-se de passagem - são assim, envolvem e cativam, revigoram e dão sentido à vida.
Acho que apesar das ambições, no fundo, eu vivo pra isso, vivo disso. Quero esses olhares e esses abraços. Gosto de habitar pessoas, gosto que elas residam em mim. E isso não é um convite, é um contrato de espontaneidade entre mim e as afinidades. Amar seus pais, seu irmão, seu amigo e sua namorada não acontece porque você quer... querer é apenas uma parte da história. Amar é um conjunto de encantamento junto de uma infinidade de acontecimentos que não se explica. Não dá pra escolher amar. Também não amo os "meus" porque me amam (à sua própria maneira). Eu os amo porque sem qualquer tipo de cobrança somos cúmplices, eu os amo porque me preenchem ainda que de formas repetidas e clichês... Riso. Choro. Saudade. Mimo. Bronca. Briga. Cócegas. Mágoa. Rotina. Repetidas e deliciosas formas de abraçar. Eu me delicio com as (algumas) mesmas coisas, mas o gosto sempre surpreende. O sabor das intenções depositadas no hoje, tão fresquinho quanto o frescor dos banhos da manhã.
Gosto de habitar o mundo e sentir que ele também vive dentro de mim. Gosto de abrir os braços e pensar que o vento me abraçou, de sentir a testa franzir com a luz do sol, de me molhar na chuva, de pensar que eu fechei os olhos e devorei aquele pedaço do céu, com aquelas nuvens e aquelas árvores nos trechos das montanhas. E a Lua... a Lua eu não ouso roubar, é ela que me rouba. Desse mundo, só conheço uma e ela merece ser admirada por todos. Adoro olhar pra cima e ver que ela está lá, às vezes como um sorriso, às vezes tímida por trás das nuvens, outras vezes tão dona de si, cheia e com a cor e luz que fotografia ou tinta alguma é capaz de compensar cinco segundos de contemplação.
E em meio ao "tornar-se mais adulta", às obrigações e horas marcadas (blé!), penso que arrumo formas pra ter tudo isso mais perto... O que sempre ajuda bastante é a Arte. E, cá entre nós, acredito que ela seja a grande (senão a maior) metáfora da vida... Não é à toa a frase "a arte de viver". Viver é uma arte mesmo!

Acho que é tudo isso. Eu vivo assim... no final do dia, é isso que me resta, é isso que me diz que amanhã vale a pena abrir os olhos e começar tudo de novo.

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