quinta-feira, 7 de abril de 2011

frangalho.

 Dizem que a adolescência é a melhor fase da vida. Pode até ser que seja, mas só pode dizê-lo quem já tem os cabelinhos de algodão ou tentam escondê-los nas tintas, ou ainda os que já se libertaram desse acessório natural. Óbvio, né? Falar sobre algo que não se conhece é brincar de vento... é soprar palavras que se perdem. 
 De qualquer forma, se a adolescência é ou não a melhor fase da vida, eu procuro fazê-la melhor. O problema é que, no meio dessa frase há um "MAS" gigante que nunca adormece. Penso nunca ter vivido tantas transformações ao mesmo tempo. É um misto de responsabilidade e liberdade impensável. Aliás, as responsabilidades são o freio da liberdade, estão quase o tempo todo no comando. Como tem sido difícil estar nessa nau e não poder escolher as direções conforme a vontade. Sempre dei tanta importância ao contato com os "meus" que, hoje, quando me vejo como integrante da selva social, sinto uma vontade imensa de chorar. Sinto falta das pessoas por perto, mas, mais do que isso, sinto falta do mimo que sempre fiz a elas. Eu gosto de cuidar. 
 Além disso tudo, eu sou amante fiel da natureza. 
 Como dói olhar só para os tijolos duros, os portões de madeira, as grades de ferro, para os postes e a imensa poluição visual de propagandas. Dói ouvir buzina, a música do outro. Às vezes, dói ouvir o som do teclado... Eu quero respirar o verde puro (por mais impuro que esteja ficando). Quero sentir o ar voltar, ouvir as folhas balançarem, sentar-me embaixo de uma sombra úmida, ouvir os pássaros e som da água no edifício de Deus... Ai, que falta eu sinto de ser mais humana. 
 Ser adolescente, às vezes, também cansa. 
 Não to cansada de ser eu, mas enjoada de usar as expressão social. Fazer aquilo que se gosta, e estudar (muito) para saber como fazê-lo de verdade tem seu preço. Não sou pessimista e sei que nada disso é em vão, mas que esgota, esgota. Virar adulto não poder tão chato assim. Como eu ainda não tenho rugas, nem minhas próprias contas pra pagar... sou a filha dos meus pais; e embora virar adulto esteja cansando, eu quero me bancar, bancar meus pais e brincar de inverter os papéis. PERAÍ: não completamente... Hoje, adolescente, admiro a infância, sua naturalidade e espontaneidade - antes de serem corrompidas pela selva social! Sempre que dá eu tento "escapar". Como o faço? Bebo a melhor água da alma, bebo arte: danço, desenho, escrevo, leio, ouço música, ouço, observo, vejo, toco... 
"viro bicho".

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